quarta-feira, 6 de outubro de 2010

RELATO DE PARTO

Sempre desejei um Parto natural, por entender que era melhor para mim e para a minha filha. Queria algo que me respeitasse como mulher, respeitasse meu corpo que nasceu pronto para isso e respeitasse o momento da minha pequena. Sempre fui assim, se acredito em uma coisa eu luto por ela. Bom, queria iniciar meu depoimento assim, para as pessoas entenderem que não era militancia pelo parto normal e sim meu desejo como mulher.

Desde as 36 semanas eu comecei a sentir contrações, perder o tampão e ter dilatação (1cm, fiquei assim até 39 semanas). Já tava até me acostumando com a tensao de poder ser a qualquer hora. Me divertia com o marido me ligando e perguntado "e aí??? Será que é hoje???"

Meu trabalho de parto começo de verdade na quarta feira as 23:00hs. Influenciado pela mudança de lua, rsrrsrs (não sei se é verdade, mas pra mim foi assim). Passei a madrugada debaixo do chuveiro, sentada no vaso sanitário, andando da sala pro quarto. Sempre que eu tentava deitar a dor piorava, debaixo do chuveiro quente era onde eu conseguia relaxar.

Meu marido acordou as 5hs e eu falei pra ele das contrações. Acho que ele pensou que fosse mais uma daquelas contrações que já estava acostumada e voltou a durmir, rsrsrs. Liguei para minha GO e ela pediu para eu passar no consultorio. Fui com minha mãe. Chegando lá foi constatado que eu estava em tp e com 5cm de dilatação. Ela disse que eu iria parir naquele dia, mas provavelmente no final da tarde. Disse para eu escolher entre ir para a maternidade ou ir para a casa e esperar que a dor aumentasse. Claro, escolhi ir para casa, queria esperar meu marido, almoçar com ele, fazer as unhas, rsrsrs.

As 15hs minha GO me ligou perguntando como eu tava. Disse que na mesma, o tempo entre uma contração e outra tinha diminuido, mas a dor era suportavel. Depois disso meu marido ficouangustiado, disse que achava melhor a gente esperar na maternidade, ficou quase implorando e como eu já estava cansada mesmo aceitei ir. Chegamos na maternidade e foi um problema.

Minha GO tinha solicitado um apartamento para mim, mas esqueceram de reservar. Então fiquei quase duas horas esperando que providenciassem um. Fiquei na recepção enlouquecendo com as contrações e a falta de privacidade, pq todo mundo que chegava queria saber o que estava acontecendo, dizendo para eu gritar, ou fazer isso ou aquilo e eu querendo apenas sentir minhas contrações em paz, fazer apenas o que meu corpo me pedia para fazer.

Quando subimos para o apto, minha GO fez um exame de toque e foi constatando que ainda estava na mesma. 5 cm quase 6. Minha GO achou estranho mas decidiu esperar. A essa altura minha mãe chorava por não aguentar me ver naquela situação. No segundo exame de toque minha Go disse que gostaria de intervir pq o colo do utero estava grosso e por isso o tp não evoluia mais, mas que sabia do meu desejo do pn, então a decisao seria minha. Deixei pq ela disse que não atrapalharia a evolução (que não existia)

1ª tentativa: tomei uma injeção de alguma coisa que não lembro o nome. A intenção era me fazer relaxar as contrações diminuiriam para que o colo do utero afinasse mais rapido. Duraria umas 2 horas. Nada. Não relaxei, as contrações não diminuiram nem o colo afinou.

2ª tentativa: ocitocina. Simmmm, as contrações ficaram enlouquecedoras. As vezes eu tinha vontade de pular. Fiquei debaixo do chuveiro agachada, minha tia tentando me doular e eu não deixava. Mas tb nada aconteceu alem das contrações que aumentaram. O colo continuou na mesma. Foi a primeira vez que minha GO falou na cesarea. Chorei horrores. Ela disse que ainda teria mais algumas tentativas, mas que não estava gostando nada do que estava acontecendo.

3ª tentativa: rompimento artificial da bolsa. Mais uma vez nada aconteceu. Minha GO decidiu me levar para a sala de parto e ver se com o material que tinha lá (bola, banheira, etc) eu relaxaria. Mas as contrações estavam me enlouquecendo que eu mal aproveitei, fiquei um tempo na bola, não gostava de ficar em pe pq escorria muita agua e sangue.

Acabei pedindo analgesia. Minha GO disse que essa era a ultima tentativa dela para não me levar pro centro cirurgico. Se a analgesia funcionasse e não parasse o tp ela continuaria, mas os batimentos cardiacos da Anna Julia estavam caindo e se com a analgesia o tp continuasse não evoluindo seria cesaria.

Essa foi a primeira vez que meu marido me pediu algo em todo o tp. Ele me pediu para pensar um pouco, que tava orgulhoso de mim, que eu era uma lutadora, que na maternidade as enfermeiras só falavam de mim, na minha determinação, mas que ele
achava que era o momento de pensar mais na Anna Julia, que naquele momento o melhor era tirar logo ela, que não achava prudente esperar pra ver o que ia acontecer. Ele chorava e eu tb. A partir daí veio uma coragem não sei de onde. Chamei minha GO e perguntei se ela realmente acreditava que aquilo iria funcionar, ela balançou a cabeça dizendo que não. Aí eu disse que não queria mais nada alem da minha filha nos meus braços, não importava como, que tirasse ela logo. Ela me
parabenizou pela persistencia e disse que era a melhor decisão naquele momento. Chamou o anestesista e foi preparar a sala pro pc.

O anestesista chegou e disse que enquanto eu esperava ia aplicar a analgesia pra aliviar as dores por causa da ocitocina. Foi rápido mesmo, a dor passou, mas as contrações tb passaram, meu tp tinha acabado naquele momento. Acabou uma dor e
começou outra. Cheguei no centro cirurgico com meu marido e minha tia, o anestesista me aplicou uma epidural. Veio uma enfermeira para amarrar meus braços e pernas, pedi que não fizesse, mas o anestesista disse que tinha que ser assim por
causa de reflexos involuntarios. Comecei a cantar e balançar os pes. Ai me dei conta que estava anestesiada e mexendo os pés. Perguntei ao anestesista se era normal e ele disse que só não era normal eu sentir dor.
Começou a cirurgia. Senti o bisturi passando, mas não tava doendo. Passou uma, duas, tres, até que eu senti a ponta do bisturi me beliscando.

Falei pro anestesista e ele aumentou a dose da epidural. Não adiantou a partir dai eu senti todos os cortes. Pensei que tava gritando, mas Junior disse que eu ficava só gemendo e dizendo que tava doendo, que só gritei mesmo quando foi o corte no utero e quando puxaram minha filha. Gente, foi muita dor. A cesaria foi rápida, mas eu
preferia ter passado mais 27 horas em tp.
Tiraram a Anna Julia. Ela não chorou, tava cansada. Demorou um tempinho ela chorou rápido. Minha GO mostrou ela por cima da cortina. Chorei igual criança. Junior foi ficar com ela, depois colocaram ela do meu lado. Olhei pra ela e disse Oi filha, seja bem vinda. Ainda tava amarrada, pedi para soltarem minha mão pra eu tocar nela. Foi bem rápido levaram ela e colocaram algo nomeu soro pra eu durmir. Não durmi, já era de se esperar, rsrsrs.As 7hs da manha levaram ela pro quarto. Eu já tava enlouquecendo com tanta demora.

Bom, não pari minha filha como eu queria, mas pari a mulher que está dentro de mim. Me sinto mais forte e mais mulher. Ainda tô tentando entender e digerir o que aconteceu. Já chorei muito querendo entender o pq passei por isso. Queria saber onde errei. Uma das enfermeiras disse que eu preciso aceitar que nem tudo é como a gente quer. Eu sei disso, mas queria saber onde errei para tentar acertar numa proxima. Continuo querendo meu pn, quem sabe daki a 5 anos??? Um VBAC??? Sei que vou tentar. Pelo menos passei pelo tp e foi lindo. A cada contração eu desejama mais minha filha, quando passava uma contração eu desejava que a outra viesse.

Uma observação. O que aconteceu comigo na cesária, a anestesia não pegar não é comum acontecer viu (para quem precisar fazer pc não ficar com medo). Eu sou realmente resistente a anestesia, eu sabia disso e era um motivo pra eu não querer pc (alem dos outros).


Algumas fotos





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